Rio de Janeiro, 24
de Junho de 2012.
Infinita é a
sabedoria do GADU que ilumina nossos caminhos para melhor desempenharmos nosso
papel em cada um dos degraus de nossa caminhada nesta existência.
A nossa querida Loja
Salomão 0021 – GOB RJ, este ano comemora seus 179 anos de existência sob a luz e a
inspiração do Grande Arquiteto do Universo. E como não poderia ser diferente
hoje, a maior parte de nossa oficina esta
reunida fraternalmente em um passeio comemorativo ao Município de Angra dos Reis, no Estado do Rio de Janeiro e nós aqui
visitantes nesta memorável oficina em comitiva solene em celebração e
comemoração do ano maçônico do nobre irmão conhecido como Paladino da Justiça
Lopes Trovão que nasceu nesta mesma cidade.
José Lopes da Silva
Trovão ou simplesmente Lopes Trovão nasceu no município de Angra dos Reis, no
Estado do Rio de Janeiro, em 23 de março de
1848. Filho de José Maria dos Reis Lopes Trovão e Maria Jacinta Lopes Trovão,
formou-se em Medicina pela Faculdade do Rio de Janeiro, foi médico, jornalista,
orador, diplomata e deputado federal entre 1891 e 1894 e, posteriormente,
senador da República entre 1895 e 1902. Foi um dos propagandistas republicanos
mais ativos e ardente abolicionista, atacando a estrutura do Império do Brasil
até sua queda, em 1889, sendo um dos signatários do Manifesto Republicano de
1870. Em sua homenagem, a Prefeitura de Angra dos Reis concedeu seu nome a uma importante praça na Cidade , e diversas prefeituras de todo Estado rendem
homenagem a sua trajetória de patrono da justiça, liberdade e fraternidade
atribuindo seu nome a diversos logradouros.
Como jornalista foi
editor dos jornais “A Gazeta da Tarde” e “O Combate”, além de escrever artigos
e crônicas alusivas a liberdade para diversos jornais em sua época.
Torna-se difícil para
nós, que pertencemos à era da comunicação em massa, da televisão aberta, da
telefonia digital e da internet, entendermos como um grupo de pessoas poderiam,
no final do século dezenove, conspirarem contra o governo e contra a corte, e
ainda fazerem suas idéias se espalharem com rapidez e segurança.
A conspiração tinha de ser feita de pessoa a pessoa, irmão a irmão, de oficina
a oficina, de boca a ouvidos singulares, pares e semelhantes. Mesmo os mais
antigos meios de comunicação, folhetos impressos em pequenas gráficas e jornais
de pequeno porte, não podiam ser usados para propagar estas novas idéias.
Nesse panorama de conspiração, houve um meio de comunicação que demonstrou ser
eficiente e seguro: as reuniões em lojas maçônicas. Vez por outra, a reunião de
maçons em lugares reservados. Foi dentro do meio maçom que as idéias da
República frutificaram desde cedo.
A
Maçonaria já dera sinais de sua força dentro dos ideais de liberdade nos
episódios da Independência do Brasil e da Libertação dos Escravos no país.
A
Revolução Francesa, incrementando os anseios de liberdade, exerceu influência
sobre o povo brasileiro. A própria doutrina da Revolução Francesa era já o
reflexo, a conseqüência dos ensinamentos da Maçonaria. Os enciclopedistas,
semeadores das idéias da Revolução, eram maçons, e o próprio lema da Revolução
Francesa nada mais era que o resumo da doutrina maçônica: Liberdade, Igualdade,
Fraternidade.
Influenciados pela Revolução Francesa, os maçons brasileiros encontraram um
único caminho fértil para propagar suas idéias de liberdade: criar Lojas
maçônicas.
Sem esquecer que já na época da Independência, os maçons tinham o forte desejo
de implantar a República, olhemos as datas mais próximas da Proclamação.
Em 1870, quinze homens fundaram o “Clube Republicano” e seu primeiro presidente
foi o maçom Quintino Bocaiúva.
No mesmo ano, o Grão-Mestre da Maçonaria Saldanha Marinho redigiu o célebre
“Manifesto de 1870”, assinado por 57 homens ilustres, na maioria maçons.
Oradores, como Saldanha Marinho, Lopes Trovão, Silva Jardim, Francisco
Glicério, Nilo Peçanha, Aristides Lobo, Quintino Bocaiúva, Campos Sales, Rangel
Pestana, Assis Brasil, José do Patrocínio, Prudente de Morais, Ubaldino de
Assis, Sampaio Ferraz – todos maçons – passaram a pregar nos auditórios, nas
oficinas e nas ruas aquilo que discutiam a portas fechadas: a República.
Na data
de 1º de setembro de 1870, passou a ser publicado diariamente o jornal “A
REPÚBLICA”, órgão oficial do Partido Republicano, que possuia entre seus
redatores cinco maçons. O jornal foi invadido e destruído pelo governo em 23 de
fevereiro de 1873.
No dia 1º de janeiro de 1878, o Governo Monárquico passou a cobrar o chamado
“imposto do vintém”, que incidia sobre cada passagem de bonde. O maçom Lopes
Trovão, em
defesa dos trabalhadores de baixa renda e da população em geral que já se
encontrava sobrecarregada de tributos, proferiu violento discurso na praça, em
São Cristóvão, perto do Palácio do Imperador.Dirigiu-se para onde
pretendia fazer entrega a D. Pedro II de uma representação protestando contra o
imposto, mas não foi possível, pois o monarca
alegou que estava doente e
a massa popular que se dirigia ao Palácio teve seus passos cortados pela
polícia. O povo voltou-se então para o centro da cidade, mas, no caminho, foi
alcançado por um mensageiro do Imperador, que declarou a Lopes Trovão que sua
majestade D. Pedro II estaria disposto a recebê-lo com uma comissão. Trovão não
aceitou o convite do Imperador e mandou dizer a ele que:
"Ide e
dizei a S. M. o Imperador e vosso amo que um povo digno como este que aí vedes,
não volta nunca, sobretudo quando o escorraçam como turba de lacaios e
desordeiros! Ide! Dizei ao Imperador que, enquanto eu estiver à testa da
multidão, como seu diretor, me esforçarei por demonstrar-lhe que a soberania
nacional brasileira reside no povo e não na Coroa".
O início da
República Velha ficou marcado também pelo surgimento no Brasil das primeiras
idéias sobre a normatização de um direito do menor. Particularmente, fico muito feliz que minha trajetória profana tenha
sido congraçada pelas duas importantes vertentes ideológicas neste sentido.
Ora
por ter tido como padrinho de batismo católico apostólico do rito romano
celebrado na Igreja Santa Terezinha de Jesus, no bairro da Tijuca pelo Dr.
Glauco da Silva Lopes Trovão, sobrinho neto do Lopes Trovão, o paladino da
justiça que por herança familiar implantou em mim,
desde menino, preceitos de liberdade,
fraternidade e igualdade no exercício da cidadania nacional.
Devemos
lembrar que no momento histórico de Lopes Trovão na virada do século XIX para o
século XX, a sociedade atribui uma grande
importância a liberdade, a nação brasileira e todos seus filhos, sobretudo os filhos da infância que se encontrava
abandonada e pobre, como a que praticava diversos delitos, pois se revelava
como um problema social e contrário ao projeto humanista de construção da nação
brasileira. Havia um consenso geral de que a infância estava em perigo.
Denunciava-se a situação da infância nas ruas, nas famílias de baixa renda, nos
cortiços e asilos.
Anos
mais tarde, o GADU me reserva uma nova
oportunidade de ter sido aluno e discípulo em meus tempos acadêmicos na
Faculdade de Direito da Universidade Gama Filho do RJ, no bairro da Piedade, na
matéria de Direito do Menor do renomado jurista e juiz carioca Alírio
Caveliere. Ele reformou o antigo Código de Menores de 1927 a uma nova realidade
nacional brasileira em 1979, no mesmo ano que se criou o Estatuto da Criança e
do Adolescente, o novo Código do Menor no país.
É
importante lembrar que a ONU – Organização das Nações Unidas e o UNICEF – Fundo
das Nações Unidas para Infância comemoravam na mesma data o Ano Internacional
da Criança. A grande importância da reforma do antigo Código de Menores, realizada pelo meu querido mestre juiz Alírio Cavaliere, e a realização do novo Código e Estatuto foi, sem
dúvida alguma, a adaptação para uma vertente
mais socio-educativa, familiar, humana singular e de cidadania deixando para
tras uma visão passada equivocada essencialmente assistencialista, ineficaz e repressora.
Mas
foi José Lopes da Silva Trovão, o irmão Lopes Trovão, que em 1896, ao falar no
Senado, disse que “temos uma pátria a reconstruir, uma nação a firmar, um
povo a fazer... e para emprehender essa tarefa, que elemento mais ductil e
moldavel a trabalhar do que a infancia?!...”.
“São
chegados os tempos”, preconizava o Senador, “de prepararmos na
infancia a cellula de uma mocidade melhor, a genesis de uma humanidade mais
perfeita para o bom futuro do paíz "
Recentemente
o eminente escritor brasileiro Válter Kenji Ishida, em sua obra “A infração
administrativa no Estatuto da Criança e do Adolescente”, São Paulo: Editora
Atlas, 2009, ao trabalhar o tema, indica o senador José Lopes da Silva Trovão,
Lopes Trovão, como o autor do primeiro projeto
de lei sobre menores no país.
Queridos Irmãos por
exaltação a vida de Lopes Trovão nosso grande Irmão temos uma grande tarefa a
cumprir todas as horas,e a exemplo desta continuidade a nosso querido Grande Oriente do Brasil
vem insessantemente apoiando o movimento jovem atraves dos núcleos APJ de todo país, das Filhas de Jó e dos
DeMolays, cada filho, cada filha, cada criança, sobrinho e sobrinha guiados a luz do
GADU na construção de um novo amanhã, de
um mundo mais justo, sem fome, livre e soberano para felicidade e harmonia de
toda humanidade.
M:.M:. Ricardo Vianna Barradas.
ARLS Salomão 0021 GOB RJ Brasil.